24 de out. de 2009

Ska invade a Vila









Vila Madalena, reduto dos novos boêmios de São Paulo. Quem escolheu o Bleecker St. para curtir o happy hour da última quinta-feira (22) não se arrependeu do que encontrou.

A casa, aberta a partir das 22h, começou a encher uma hora depois. Ainda era possível conversar e se fazer ouvir sem aumentar muito a voz. Na seleção do som ambiente, pitadas de reggae, ska e soul do repertório escolhido por Edu Pimenta, dono do clube. Engana-se quem acha que ser empresário é só arrecadar os lucros da noite. Edu circulava pelo local recepcionando os clientes e cuidando de cada detalhe. Um verdadeiro anfitrião.

Entre o público, nove caras engravatados eram vistos quase sempre juntos. Não pareciam executivos curtindo a noite antes de voltar para casa: os trajes tinham peculiaridades indecifráveis aos novos frequentadores das quintas-feiras do clube.

Pouco antes da meia-noite, hora de início do show, a área próxima ao palco já havia sido ocupada pelos mais afoitos em conferir a atração principal. Mesmo ansiosos, eram poucas as pessoas que se arriscavam a dar um ou outro passinho de  dança: seria a música jamaicana novidade para aquelas pessoas? Provavelmente. Confessamos que nessa hora, não vendo nenhuma vitrola perto do DJ, sentimos falta do som que a agulha faz quando toca em um dos discos do Jurassic Sound System.
 
Para ajudar os iniciantes no ritmo caribenho, as imagens de surf do telão atrás do palco deram lugar a um vídeo, digamos, didático: uma breve aula de como dançar ska. O som rompe dos instrumentos e a batida inconfundível começa. É a Orquestra Brasileira de Música Jamaicana (lembra dos nove caras engravatados? Os próprios).







Clássicos da MPB como Carinhoso, de Pixinguinha e João de Barro, e Águas de Março, de Tom Jobim, são transformadas em ska graças ao poder dos metais de Ruben Marley (trombone e furgel), Felipe Pippeta e Marcelo Cotarelli (ambos em trompete e furgel) que, com a ajuda da dupla de saxofonistas Fernando Bastos e Igor Thomaz, incendiavam a platéia com solos e coreografias. Completam a Orquestra Fabio Luchs (bateria), Rafael Toloi (baixo), Lulu Camargo (teclados) e Sérgio Soffiatti (guitarra e vocais).

O vídeo didático parece não ter sido muito útil - ou nem precisava ser -, já que o público dançava como bem entendia: pulando, chacoalhando, ou girando. Mexer mãos e pés com sincronia parecia ser a menor das preocupações da galera.

Para a dupla que voz fala, o ponto alto da noite foi o cover de A Message To You Rudy, do Specials Dandy Livingstone [Valeu, Caio!]. Fantastic!

Depois de quase duas horas de ska, nossos braços e pernas ora pareciam se mover sozinhos, ora pediam descanso. Mesmo assim, isso não nos impediu de surrupiar a folha com o repertório da banda, que agora repousa, um tanto quanto amassada, na escrivaninha de uma de nós. Guardaremos com muito carinho. Afinal, a OBMJ mandou benzaço.

A curta temporada da Orquestra Brasileira de Música Jamaicana no Bleecker St. termina na próxima quinta-feira (29). Depois, os caras seguem para o Rio de Janeiro e Salvador. Prometem.

Um comentário:

  1. A Message To You Rudy na verdade é do Dandy Livingstone. Belo blog! Parabéns! =)

    - Caio

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