21 de out. de 2009

Camisas, meditação, cerveja e kung-fu

O pé d’água que encharcou a cidade durante o último sábado (17) não deu trégua até o início da noite, quando achamos que já era tranquilo sair de casa sem precisar carregar um bote. Nosso destino, mais uma vez, era encontrar o melhor que São Paulo tinha a oferecer em termos de ritmos jamaicanos. Logo que nos encontramos, a influência da última Jamboree era clara: estávamos ambas de camisa, peça de roupa que se provou predominante entre a galera que curte os sons da ilha caribenha.

O veterano Hangar 110 abriu suas portas às 19h para a 1a edição do Ska Stomper Fest, festival que nasce com a proposta de combinar ska, rocksteady e sons brasileiros. Chegamos lá pelas 20h30 e novamente tivemos aquela sensação de 'festinha na casa do amigo': os comentários do nosso já querido Jurássico se faziam ouvir do lado de fora, sinal de que o Jurassic Sound System comandava a mesa de som.


Ah, sim, uma breve pausa: ficamos super felizes quando vimos que os meninos do Y&M reproduziram a resenha que fizemos da 10a Jamboree no blog deles e nos contataram para agradecer. ;)


Depois das formalidades virtuais, fomos bater um papo ao vivo. Greg e Jura (olha a intimidade) eram os únicos do grupo por lá. Não dispensaram gentilezas e se mostraram solícitos com o nosso trabalho, o que só confirmou o acerto na escolha do tema do TCC.

Talvez por ser a primeira edição do festival o número do público presente ainda era tímido, em todos os sentidos. A maioria do pessoal no máximo chacoalhava a cabeça ao som das músicas, o que Jurássico nos definiu como sendo um processo de 'meditação'. Nos sentimos um tanto incomodadas, mas o que algumas doses de álcool não fazem pra que você dance sem se importar com o resto da galera, né?

O festival continuou com o show da banda King Rassan Orchestra. Instrumental, o conjunto não conseguiu empolgar muito o público, que continuou meditando profundamente. Nos telões da casa, imagens de filmes antigos e documentários sobre as origens da música jamaicana esclareciam os mais perdidos no assunto (e também colaboravam para a distração do pessoal com relação ao show).

As cortinas se fecharam e o silêncio imperou entre a diminuta plateia. No escurinho do Hangar, a agulha voltou a tocar em um dos discos do acervo do Jurassic Sound System. [Nathalie humildemente agradece a reprodução de uma - ou seriam duas? - músicas do cantor jamaicano Desmond Dekker.]

Outra levada de early reggae se iniciou, dessa vez comandada pela dupla Masta Blasta Hi-Powa, formada por Thiago DJ e Rev. Denis. No set list, versões em inglês de Llorande se fue, que por aqui também teve sua versão na fatídica lambada dos anos 1990 (confesse que você dançou!) e o clássico Trem das Onze, dos Demônios da Garoa. Mais elementos para a mistureba Brasil-Jamaica.

A última atração era com certeza a mais esperada. De repente, o palco parecia pequeno para acomodar a galera da Extra Stout, que animou o público logo na primeira canção. Pedindo cerveja em vários idiomas, foram prontamente atendidos: várias latinhas foram lançadas na direção dos membros da banda, sem dó nem piedade. Eles cantaram, brincaram, xingaram e conquistaram mais duas fãs com letras irreverentes e, principalmente, com a versão de Kung Fu Fighting, do cantor jamaicano Carl Douglas, o ponto alto da noite. Dançamos, nos descabelamos e cantamos (mal, mas tá valendo).

Depois do show, o samba rock tomou conta da casa. Pelo que percebemos, esse é o código para “vão embora daqui logo”. Ok, não precisa colocar a vassoura atrás da porta, recado entendido.

Numa noite estranha sem meia-noite, dividimos espaço com gente de vários estilos, que só visava curtir um som bacana e dançar sem maiores preocupações. Assim é São Paulo, nossa Jamaica Paulistana.

5 comentários:

  1. Sou apaixonado por SKA, apesar de não ter um repertório tão grande. O festival do último sábado mostrou o quanto esse ritmo tão gostoso de curtir ainda precisa chegar a mais ouvidos de quem curte um som bacana.

    Tinha pouca gente, verdade, mas eram pessoas que realmente sabiam o motivo de estarem ali. Dançar Ska, beber (um pouco rs), não se preocupar com que achariam do seu (meu) jeito tosco de dançar, conhecer pessoas (muito) interessantes, tudo isso fez com que um sábado feio e com uma hora a menos se tornasse tão perfeito!

    Quando vi o Extra Stout no palco, quase pirei. O baterista, Rafael Professor, tocava na banda que até hoje mais amo nesse mundo: O eterno Flicts. O guitarrista, Marcão Cabeção, toca no Agrotóxico, uma das maiores bandas do verdadeiro Hard Core brasileiro. Dois caras de peso tocando Ska??? Sensacional! Os outros (ótimos e não menos loucos) integrantes que me desculpem, mas não os conheço...

    Foi tudo simples e etilicamente demais! O que mais me motivou a ir para o show foi a parte do e-mail de divulgação que dizia: "Compareça. Dance. Ouça. Veja. Divirta-se. Ou então fique em casa, reclamando da vida!" - Depois dessa nem vou mais continuar...

    Parabéns, meninas, pelo ótimo texto!

    Tiago Efectus ----------------------
    efectus77@yahoo.com.br / hotmail.com

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  2. Muitíssimo obrigado pela resenha. Fizemos muita correria pra esta festa acontecer, e espero que da próxima vez não chova. =)

    Sexta que vem (30/10) tem Extra Stout lá na Toy Lounge. Apareçam!

    - Caio (Extra Stout)

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  3. Qualquer camisa não. Tem que ser Ben Sherman (ou Fred Perry)!

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  4. Depois de vááárias heinekens na cabeça parecia que tinha muita gente dançando com a gente lá na frente. mas acho que foi só impressão. rs

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